quinta-feira, 17 de julho de 2014

Rotina.

O amor não morre. Ele se cansa muitas vezes. Ele se refugia em algum recanto da alma tentando se esconder do tédio que mata os relacionamentos. Não é preciso confundir fadiga com desamor. 
O amor ama. Quem ama, ama sempre. O que desaparece é a musicalidade do sentimento.
A causa ? O cotidiano, o fazer as mesmas coisas, o fato de não haver mais mistérios, de não haver mais como surpreender o outro. São as mesmices: mesmos carinhos, mesmas palavras, mesmas horas... O outro já sabe!
Falta magia. Falta o inesperado. 
O fato de não se ter mais nada a conquistar mostra o fim do caminho. Nada mais a fazer. Muitas pessoas se acomodam e tentam se concentrar em outras coisas, atividades que muitas vezes não tem nada a ver com relacionamentos. Outras procuram aventuras. 
Elas querem, a todo custo, se redescobrir vivas; querem encontrar o que julgam perdido: o prazer da paixão, o susto do coração batendo apressado diante de alguém, o sono perdido em sonhos intermináveis e desejos infindos. Não é possível uma vida sem amor. Ou com amor adormecido.
Se você ama alguém, desperte o amor que dorme! Vez ou outra, faça algo extraordinário. 
Faça loucuras, compre flores, ofereça um jantar, ponha um novo perfume... Não permita que o amor durma enquanto você está acordado sem saber o que fazer da vida. Reconquiste ! 
Acredite: reconquistar é uma tarefa muito mais árdua do que conquistar, pois vai exigir um esforço muito maior. Mas... Sabe de uma coisa ? Vale a pena! Vale muito a pena!

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Re - Vivendo.

         Levava a vida levemente
     Deixava o vento levar a sua mente
 Mas de Leve sua Mente não tinha nada.

domingo, 22 de junho de 2014

Pense Ana, pense.

E, diariamente sua cabeça era colocada pra funcionar. Nem sempre do modo que ela queria. Notícias ruins durante o café da manhã. Notícias boas durante o café da manhã. E o café da manhã acabava por ser a hora do dia que ela mais detestava. Um mal humor matinal justificável. E as lembranças das decepções do dia anterior passavam desapercebidas.

- Mamãe, veja pra mim se estou esquecendo de alguma coisa? 

Pois no meio de tantos papéis, a cabeça de Ana nunca parecia funcionar muito bem. Sua amnésia pesava em seu trabalho. Apesar dos sonhos de infância de ser engenheira, ela nunca sabia como lidar entre tantos papéis para assinar, contas para fazer e projetos para entregar. Sua chefe (GORDA MALDITA QUE SÓ SABE MANDAR MIL COISAS PRA EU FAZER  E FICA SENTADA COM ESSA PORCARIA DE BUNDA ENORME NA CADEIRA O DIA TODO!) não era bem como a chefe que ela esperava ter aos 12 anos de idade. A cada dia que passava, Ana se arrependia mais e mais por ter sonhado tanto com o dia que ela cresceria e realizaria seus tão bem planejados sonhos. 

- Ai Erick, espera, por favor! Meu dia foi cheio hoje e não deu tempo de arrumar o cabelo! Em 10 minutos já estarei pronta, prometo! 

A cada dia que passava, a espera do namorado parecia demorar mais. Sempre faltava alguma coisa. Ou era o cabelo desarrumado, ou era o vestido mal-passado, ou a maquiagem não saía do jeito que ela queria. E o pobre Erick só guardava a ansiedade, ficava sentado à beira da cama batendo os pés, pois era a única coisa que ele podia fazer sem que ela reclamasse. Qualquer palavrinha errada poderia estragar os planos de sexta à noite (que, aliás, era o único horário que ela realmente se dedicava à ele, pois fora isso, era trabalho e sono).

- AMIGA SOCORRO VAMOS AO BANHEIRO COMIGO PORQUE MEU SUTIÃ ABRIU, ANDA! 

E Erick se via jogado de lado, na sexta, em que ela tanto se dizia dedicar à ele. Em mais uma das sextas em que ela dizia que iria ser só dele, e não era. Nunca era. Ele já se acostumara. Já se cansara mil vezes, mas não conseguia se ver sem aquela pele translúcida de tão branca, e aqueles cabelos dourados que corriam ao seu encontro ao cair da noite. O que fazer? Era o que ele mais se perguntava.
Quando Ana sai do banheiro, chega a ficar com as mãos trêmulas. A insegurança de Erick tinha tomado forma, e lábios, e beijos, tão quentes quanto ela nunca experimentara. Sua cabeça não sabia o que pensar. Sabia que ele estava certo. Em seu lugar, ela já teria feito isso há muito tempo. Mas ela não se permitira pensar nessa hipótese, pois ela jamais admitiria que era ela quem estava errada. 
Lágrimas borravam sua maquiagem. Ela sentia um vazio tão grande quanto o buquê de flores que ela ganhara na semana anterior. Seus pés pareciam  não tocar o chão, mas dessa vez não era pelo longo abraço que ela ganhara ao sair do serviço, enquanto ele rodopiava ela de felicidade ao ar. Ela já não enxergava um caminho além de o da sua casa. Não enxergava um lugar além de sua cama, onde ele estava batendo os pés até algumas horas atrás. Do seu quarto só se ouviam soluços e resmungos.

- Ana, o que está havendo minha filha?
- Ah mamãe, esqueça. Sempre lhe pedi pra me lembrar de coisas que eu me esquecia. Só que dessa vez, eu acabei por esquecer do que era realmente importante pra mim, e disso você não poderia me lembrar. Boa noite.